Pesquisa envolveu 180 novilhas Nelore, diversas entidades e setores, e avaliou a efetividade do protocolo nutricional na engorda à pasto.
Um estudo inédito apoiado pela Marfrig, líder global em produção de hambúrgueres e uma das maiores empresas de carne bovina do mundo, realizado pela ACNMT – Associação de Criadores de Nelores do Mato Grosso, revelou em sua primeira etapa que a adoção de protocolos nutricionais de baixo consumo em rebanhos a pasto é capaz de produzir novilhas prontas para o abate com a média de 15,7 arrobas aos 24 meses de idade, rendimento da carcaça quente em 53%, em um período de 355 dias, compreendidos desde a fase de recria até a engorda.
O Estudo contou com a coordenação do NEPI – Núcleo de Estudos de Pecuária Intensiva da UFMT – Universidade Federal do Mato Grosso, Campus de Sinop-MT, envolveu a multinacional Nuttron Cargill com fornecimento da nutrição, ACRIMAT – Associação de Criadores do Mato Grosso e a startup iBeef, responsável pelas análises técnico-científicas.
De acordo com o diretor executivo da ACNMT, André Zambrim, as metas a serem alcançadas com o experimento incluíam fomentar o ganho de peso a pasto, elevar o percentual de rendimento de carcaça e entregar carne de qualidade, considerando esse último fator como segunda etapa do estudo que demanda mais tempo de laboratório. “Os resultados superaram nossas expectativas, já que o gado a pasto costuma ser um pouco mais lento para engordar, é a demonstração de que o protocolo nutricional traz ao produtor a possibilidade de obter animais mais jovens, prontos para o abate e com alto valor agregado”, afirma o Zambrim.
E ainda comemora o presidente da ACNMT, Aldo Telles, que o resultado foi acima do esperado, considerando a seca que assolou o estado do Mato Grosso no ano passado, considerada a maior dos últimos anos. “Para alcançar o mesmo padrão que tivemos, sem nutrição complementar, seriam necessários em média 12 a 18 meses a mais de pasto”, explica.
As 180 novilhas envolvidas no estudo, vendidas à Marfrig pelos criadores parceiros da ACNMT/ACRIMAT, foram acompanhadas por quase um ano pelo zootecnista doutorando Felipe Cecconelo, integrante do NEPI/UFMT, desde a recria até concluir a fase de engorda no sistema de pasto. Iniciaram a pesquisa com o peso médio de 212 kg e finalizaram com 445 kg, após 355 dias, representando um ganho de peso diário médio de 656 gramas por dia durante todo período, evitando momentos de desaceleração e/ou perda de peso corporal.
O abate técnico foi liderado pela equipe de profissionais do iBeef, startup com expertise em coletar no fluxo industrial dados acurados e imparciais da qualidade de carne. Diante desse resultado, segundo o professor Dr. Angelo Polizel Neto, fundador do iBeef, é o momento de reconhecer a entrega, acima da expectativa, de carcaça e carne dessas novilhas.
A segunda etapa do estudo vai demonstrar mais detalhes sobre a qualidade da carne dos animais adquiridos pela Marfrig, após análises técnico-científicas realizadas pelo iBeef. “Essa fase envolverá coleta, avaliação e análise de 28 novas variáveis, que avaliará influência do protocolo nutricional aplicado com foco em entregar carne de alta qualidade ao mercado”, afirma.
Para Fabion Almeida, gerente regional de Originação da Marfrig, as características identificadas com alto nível de qualidade determinam um avanço para a pecuária, trazendo benefícios para fornecedores e consumidores. “A qualidade da carne é um fator de extrema importância para a cadeia que poderá produzir animais com maior valor agregado, e para o consumidor que ganha em qualidade de produto, parâmetro essencial para sua experiência de compra”, afirma.