No dia 04 de junho, foi realizado o primeiro webinar sobre mercado de carbono na pecuária, organizado pelo GT de Clima da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável. Esta série tem o objetivo de consolidar o conhecimento e o potencial do crédito de carbono e mercados voluntário e regulado para o agronegócio sustentável, além de compreender como a Mesa Brasileira poderá se inserir no processo de regulamentação para definir seu posicionamento. Ao todo, 50 executivos de 31 organizações associadas das sete categorias acompanharam o evento simultaneamente.
Intitulado Regulamentação do Mercado de Carbono, o seminário contou com a presença de Eduardo Bastos, engenheiro agrônomo, ex-presidente da MBPS e presidente da Câmara Temática de AgroCarbono; Talita Priscila Pinto, doutora em economia aplicada e coordenadora do Observatório de Bioeconomia da FGV; e Werner Grau, doutor em direito e sócio da Pinheiro Neto Advogados. Os especialistas debateram o status atual e o papel do setor no mercado de carbono, as oportunidades e desafios da pecuária neste mercado e as diferentes perspectivas nos âmbitos comercial, jurídico e governamental.
A pecuária tem um grande potencial de remover gás carbônico da atmosfera e mitigar as emissões. “Precisamos olhar para o copo meio cheio… se tivermos um pasto bem manejado com um animal que tem um ciclo de vida mais curto, o que tem sido demandado pelo próprio mercado, de 24 a 30 meses, e que considerando todo o sistema produtivo nacional, pode ser que vá para uma terminação em confinamento, ou até mesmo, tenha uma complementação nutricional a pasto, será um animal que vai emitir também menos metano, pois animais mais jovens têm essa característica, então começamos a explorar o campo das oportunidades e possibilidades em relação à pecuária,” comentou Talita.
O Brasil tem trabalhado em diversas frentes para enfrentar as mudanças climáticas, desde plano de recuperação de pastagens, revisão de política nacional de mudanças do clima, adequação do Plano ABC, discussões na Câmara de AgroCarbono, participação na COP29, realização da COP30 no País, entre outros. “A gente tem que ficar de olho em quais serão os fatores de emissão de remoção que o Brasil vai ter e qual o balanço, então olhar as remoções líquidas, sobre esses planos de adaptação e mitigação, e como iremos fazer a tropicalização de métricas,” comentou Eduardo.
E quais seriam os próximos passos para a integração do setor no mercado regulado? Para Werner, o setor já está no mercado regulado, pois é parte da cadeia. “De um jeito ou de outro, o setor entrou no mercado regulado. O lado ruim é que entrou por meio de normas irracionais que a Comunidade Europeia está criando e que Estados Unidos e China vão replicar. De qualquer forma, a agropecuária como atividade primária não está sujeita a controle de emissões e metas; e esse eu acho que esse é o ponto central para nos questionarmos… A pecuária brasileira quer ter metas ou não?”
O webinar também abordou a importância da ciência para o avanço das discussões e as melhores tomadas de decisões, bem como a importância da tropicalização das métricas internacionais. “O maior desafio do Brasil é ser ouvido no mundo”, finalizou Eduardo.
Este primeiro seminário foi muito importante para trazer os diferentes pontos de vista sobre a regulamentação do mercado de carbono. “O nosso objetivo é nos atualizarmos sobre o mercado de carbono em todos os âmbitos [jurídico, comercial, governamental e acadêmico] para entendermos como a pecuária irá se inserir neste mercado e como a Mesa Brasileira atuará para ter uma voz única e influenciar políticas públicas”, concluiu Caio Zanna, coordenador do GT de Clima.