Embora a presente safra esteja sendo iniciada com o menor estoque inicial de milho dos últimos seis anos (o volume apontado, perto de 8 milhões de toneladas, corresponde a, praticamente, metade do estoque inicial da safra 2017/18), a CONAB prevê um aumento de produção superior a 9%, o que, se alcançado, significará novo recorde na produção brasileira do grão.
Dos pouco mais de 123,7 milhões de toneladas previstos, menos de 25% estarão sendo supridos pela primeira safra. Ou seja: mais de dois terços do volume apontado dependem da segunda safra, cujo plantio – palavras da CONAB – sofre algum atraso devido ao excesso de chuvas no País. Completará a produção do ano a terceira safra, produzida no Norte e Nordeste e representando, aproximadamente, 2% do total nacional.
Como, por ora, foi mantido o mesmo nível de importação da safra passada, o suprimento total tende a aproximar-se dos 135 milhões de toneladas, aumentando perto de 4% em relação à safra 2021/22. Será, se confirmado, um incremento inferior ao previsto para o consumo interno (“ajustado com base nos números de produção de carnes do IBGE”), que tende a crescer quase 6,5% e girar em torno dos 80 milhões de toneladas.
E uma vez que, a exemplo da importação, a CONAB manteve o mesmo nível de exportação registrado na safra passada (encerrada em janeiro de 2023), o estoque final da corrente safra deve situar-se em torno dos 8 milhões de toneladas, aumentando apenas 2% em relação à safra anterior e permanecendo como o segundo menor volume dos últimos seis anos.
A observar, apenas, que o volume de exportação mantido pela CONAB subentende embarques médios, mensais, próximos de 4 milhões de toneladas. Entretanto, já em janeiro passado, o volume embarcado aproximou-se dos 6,350 milhões de toneladas, representando cerca de 13,5% do total previsto e superando em mais de 50% a média mensal esperada.
Isso significa que, mantido um desempenho próximo do atual, as exportações de 2023 podem corresponder a mais de dois terços do consumo interno (no ano passado corresponderam a 63%) e reduzir ainda mais o já diminuto estoque final ora previsto.
Neste caso, é inevitável uma comparação com os EUA, maior produtor e maior exportador mundial (por ora, mas não por muito tempo). Pois, lá, a relação consumo interno/exportação é absolutamente diferente da brasileira. Ou seja: a exportação norte-americana prevista para a corrente safra (48,9 milhões de toneladas, apenas 4% a mais que o previsto para o Brasil) corresponde a pouco mais de 10% do consumo interno total (perto de 438 milhões de toneladas, 30% das quais destinadas especificamente à produção de ração).