JOSÉ ZEFERINO PEDROZO, Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)
O agronegócio passa por profundas transformações no Brasil e no mundo, e uma das mudanças mais relevantes é a ascensão das mulheres como protagonistas no meio rural. Cada vez mais qualificadas, elas assumem funções estratégicas em toda a cadeia produtiva, liderando projetos, gerenciando propriedades e operando equipamentos agrícolas com excelência. Este movimento não apenas redefine a estrutura do campo, mas também impulsiona o desenvolvimento social e econômico das comunidades rurais.
Durante décadas, o meio rural foi marcado pela divisão de tarefas e pela predominância masculina nas atividades produtivas. Contudo, a realidade contemporânea é outra. As mulheres rurais hoje mostram uma capacidade admirável de adaptação, inovação e liderança, conquistando seu espaço com competência e determinação. Com acesso crescente à educação e à formação técnica, ampliam suas possibilidades de atuação e fortalecem a sustentabilidade do agronegócio.
A qualificação profissional surge como um dos pilares dessa transformação. Programas de treinamento específicos para o público feminino têm aberto portas para que mais mulheres operem maquinários agrícolas, realizem a manutenção de equipamentos, dominem técnicas de inseminação artificial e liderem iniciativas de gestão e inovação nas propriedades. Essa preparação técnica não apenas amplia as possibilidades de atuação, mas também gera maior autonomia, autoestima e capacidade de tomada de decisão entre as mulheres do campo.
Ao se apropriarem do conhecimento técnico, as mulheres demonstram que a modernização do agronegócio depende da inclusão de diferentes talentos e visões de mundo. Sua presença em atividades operacionais, antes vistas como exclusivamente masculinas, prova que competência não tem gênero. Além disso, a mulher rural traz uma gestão mais humanizada, atenta à sustentabilidade e à inovação, elementos fundamentais para um futuro agrícola mais equilibrado e consciente.
O fortalecimento feminino no campo também provoca uma transformação cultural significativa. À medida que as mulheres ocupam novos espaços, elas rompem com estereótipos e inspiram novas gerações. O campo deixa de ser apenas um espaço de produção e passa a ser também um território de inclusão, diversidade e possibilidades. A mulher rural contemporânea é agente de mudanças sociais, econômicas e ambientais, promovendo um novo olhar sobre o desenvolvimento rural.
Valorizar e apoiar essa presença feminina é essencial. Por isso, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em Santa Catarina vinculado à Faesc, intensifica o investimento em formação e qualificação, na promoção de políticas públicas inclusivas e no fortalecimento de redes de apoio. As mulheres do campo não devem apenas participar do futuro do agronegócio — elas devem liderá-lo, imprimindo sua visão de sustentabilidade, inovação e justiça social.
A sociedade contemporânea precisa reconhecer a mulher rural como protagonista de um novo tempo, no qual a força produtiva se alia à sabedoria, à sensibilidade e à capacidade de adaptação. Cada conquista feminina no meio rural é uma vitória para toda a sociedade, pois revela que a verdadeira transformação ocorre quando oportunidades são criadas e talentos são plenamente reconhecidos.
A mulher rural já não é coadjuvante: ela é protagonista da nova agropecuária brasileira. A sua força, competência e inovação são essenciais para moldar um campo mais próspero, justo e sustentável para todos.