A produção de carne suína da China em 2022 aumentou 4,6% em relação a 2021, atingindo o nível mais alto desde 2014, mostraram dados oficiais divulgados nesta terça-feira (17), derrubando algumas expectativas de um aumento menor.
A produção de carne suína no maior produtor mundial dessa carne atingiu 55,41 milhões de toneladas, maior volume desde os 56,71 milhões de toneladas registrados oito anos atrás. A produção de 2022 aumentou quase 5% em comparação com os 52,96 milhões de toneladas de 2021.
O aumento foi impulsionada pela alta produção no quarto trimestre de 13,91 milhões de toneladas, de acordo com cálculos da Reuters sobre os dados do Bureau Nacional de Estatísticas. Isso representou um aumento de 0,87% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, a despeito da escassez de mão de obra nos matadouros devido aos surtos de Covid.
Os produtores disponibilizaram suínos mais pesados, esperando se beneficiar de uma recuperação antecipada na demanda e nos preços, fator que pode ter impulsionado a maior produção. No entanto, a demanda permaneceu morna por causa do aumento de casos de Covid-19, o que manteve muitas pessoas em casa, fazendo com que os preços caíssem.
“A produção de ração foi fraca ao longo de 2022 e também vimos isso refletido no menor volume anual de importações de soja. É difícil conciliar o número mais alto na produção de carne com os declínios observados na produção de ração e nas importações de soja”, disse Darin Friedrichs, cofundador da consultoria agrícola Sitonia Consulting, com sede em Xangai.
Os dados mostram que a produção de carne suína da China aumentou a cada trimestre em relação ao ano anterior nos últimos dois anos, apesar da demanda fraca.
“Não ouvi dizer que haja grande estocagem, então o consumo precisa ser imediato, o que é difícil de entender”, disse outro analista de produção animal, recusando-se a ser identificado devido à sensibilidade do questionamento dos dados oficiais.
Uma alta nos preços ocorrida no verão encorajou os criadores a engordar os porcos mais do que o normal na busca de aumentar os lucros.
Na semana passada, embora tenha diminuído, o peso médio dos suínos vivos ainda estava alto, em cerca de 124,5 kg, de acordo com analistas da Huachuang Agriculture.
Isso continuará pressionando os preços, disseram eles, em nota de 15 de janeiro.
O consumo de carne deve melhorar após a reabertura da China para a rígida política de Covid de três anos, com mais refeições em grupo e reuniões de negócios para atender à demanda.
No entanto, alguns acreditam que o consumo de carne suína pode não retornar aos níveis anteriores ao surto de peste suína africana na China, que começou em 2018, pois muitos continuam cautelosos com as reuniões em grupo.
A produção de carne bovina da China aumentou 3% no ano passado, para 7,18 milhões de toneladas, mostraram os dados, enquanto a produção de aves aumentou 2,6%, para 24,43 milhões de toneladas, e a de cordeiro e carneiro aumentou 2%, para 5,25 milhões de toneladas.
Nota do PecSite: A Reuters não menciona, mas no próximo domingo (22) a China começa a celebrar a chegada de um Ano Novo, o de número 4.761. Será a primeira grande reunião familiar após três anos consecutivos de isolamento. E isso deve se refletir de forma significativa no consumo e no preço das carnes.