Chicago – A presença do vírus H5N1 da gripe aviária foi confirmada em um porco em uma fazenda no Oregon. Trata-se da primeira detecção do vírus em suínos no país, informou o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) nesta quarta-feira, 30.
Os suínos representam uma preocupação particular na disseminação da gripe aviária, porque são passíveis de infecções simultâneas por vírus aviários e humanos que, por sua vez, podem combinar genes capazes de desenvolver um vírus novo e ainda mais perigoso, capacitado a infectar humanos com mais facilidade.
Segundo o USDA, não há risco no fornecimento de carne suína do país no caso do Oregon. O órgão ainda acrescenta que o risco da gripe aviária para o público continua baixo.
Os suínos foram a fonte da pandemia de gripe H1N1 em 2009-2010 e foram implicados como fonte de outras infecções, lembra Richard Webby, virologista do St. Jude Children’s Research Hospital, instituição que estuda a gripe em animais e aves para a Organização Mundial da Saúde. De toda forma – acrescentou ele – a descoberta do vírus em uma pequena fazenda torna a infecção suína menos preocupante do que se tivesse sido detectada em uma granja comercial.
A região da fazenda afetada, localizada no Oregon, foi colocada em quarentena, e outros animais de lá, incluindo ovelhas e cabras, estão sob vigilância, disse o USDA. Suínos e aves da fazenda foram sacrificados para evitar a disseminação do vírus e permitir testes adicionais dos suínos, disse o USDA. Os testes ainda estão pendentes para dois dos suínos, informou a agência.
“Aves selvagens e não uma granja avícola ou operação leiteira ocasionaram esse caso”, esclareceu um porta-voz do USDA. A constatação de que toda a origem do problema, com extensão aos bovinos leiteiros, está nas aves selvagens levou o USDA a ampliar seu sistema de vigilância para a gripe aviária, o que inclui a realização de testes nacionais de leite a granel.
“Embora seja uma variante diferente do vírus e esteja associada a aves selvagens, é um fator para garantir que entendamos e avaliemos exatamente se o vírus está presente nos bovinos e nos laticínios”, ressaltou Tom Vilsack, Secretário (Ministro) da Agricultura dos EUA.
Vale ressaltar que os suínos afetados na fazenda do Oregon não eram destinados ao fornecimento comercial de alimentos. Ainda assim, a descoberta pressionou os preços futuros do suíno magro na Bolsa Mercantil de Chicago, disse um trader.
Criados na fazenda afetada como animais de subsistência, aves e suínos compartilhavam fontes de água, alojamentos e equipamentos, o que serviu de via de transmissão do vírus entre animais.
A detecção é um alerta para que os criadores de suínos também fiquem atentos a novas infecções, disse Marie Culhane, professora de medicina veterinária populacional na Universidade de Minnesota, que pesquisou o vírus da gripe em suínos.
“As pessoas precisam começar a se preocupar mais com isso e passar a aumentar os programas de prevenção”, alertou Culhane, lembrando que “os suínos são realmente bons para pegar o vírus da gripe.”
Neste ano, 36 pessoas testaram positivo para gripe aviária, pois o vírus se espalhou para quase 400 rebanhos leiteiros. Todas, exceto uma, eram trabalhadores de fazendas que tiveram contato conhecido com animais infectados.
Desde 2022, o vírus levou ao extermínio mais de 100 milhões de aves naquele que vem sendo o pior surto de gripe aviária já registrado nos EUA.