O cenário de oferta restrita deve voltar a prevalecer no mercado do boi gordo nas próximas semanas, já que a maior parte do gado de pasto já foi entregue aos frigoríficos. A tendência é que os preços fiquem estáveis com a queda de braço entre os pecuaristas pedindo valores acima do R$ 300,00/@ e as indústrias pedindo valores menores.
De acordo com o Analista de Pecuária da IHS Markit, Aedson Pereira, o mercado está passando por um período de acomodação dos preços e esse movimento de queda nas cotações deve começar a enfraquecer. “Em algumas localidades a oferta não se mostra suficiente e a maioria das indústrias já conseguiram adequar a produção ao volume de abates, mas segue fazendo algumas operações com preços menores”, afirmou.
As indústrias que conseguiram se planejar contam com as programações de abate ao redor de 8 a 10 dias úteis no estado de São Paulo. Já as indústrias que estão com as escalas mais apertadas estão próximas de 4 a 5 dias úteis. “Como a oferta começa a dar sinais de enfraquecimento, as indústrias não estão conseguindo alongar as escalas de abate e no curto prazo terão que pagar preços maiores”, destacou.
Os negócios para o boi comum estão ao redor de R$ 305,00/@ a R$ 310,00/@ nas praças paulistas. “Registramos negócios pontuais com lotes mais volumosos com gado terminado em cocho e destinado para as exportações em torno de R$ 320,00/@”, comentou.
Com relação aos custos de produção para o confinamento, o analista ressalta que a reposição começa a dar sinais de enfraquecimento e a cotação dos grãos pode ter um arrefecimento. “O que pesa contra o pecuarista é a reposição, mas no nosso levantamento os preços das categorias mais jovens começam a recuar. Já para o milho, a perspectiva é que tenha um washout das exportações e pode haver um deslocamento dessa oferta do mercado externo para o interno”, explicou.
No atacado, os preços da carne registraram modesta desvalorização nesta semana devido a chegada da segunda quinzena do mês. “Para a indústria dar vazão a produção acabou cedendo os preços para manter um nível adequado da oferta. A indústria também entende que com a flexibilização do isolamento social o consumo deve melhorar gradualmente”, informou.
Os cortes de traseiro permaneceram estáveis ao redor de R$ 20,50/kg e os cortes de dianteiro tiveram uma queda de R$ 0,50 e está próxima de R$ 17,50/kg. “A queda é justamente para não perder a consistência do escoamento e se adaptar ao momento que o mercado passa”, disse o analista ao Notícias Agrícolas.