Osvaldo Sousa, Zootecnista e Pesquisa e desenvolvimento da Nutricorp.
É sabido que durante a vida produtiva, os bovinos passam por diversas experiências que conferem estresse ao rebanho, resultantes dos manejos obrigatórios/necessários para que o objetivo da bovinocultura seja alcançado: entregar proteína animal de qualidade na mesa do consumidor. Entre esses manejos que, até certo ponto, se tornam imprescindíveis, podemos destacar a desmama, transporte entre fazendas, confinamento e frigorífico, vacinação e exposição a novos ambientes, grupos hierárquicos e diferentes dietas.
Dentre esses manejos, o período de entrada no confinamento é um dos mais críticos, devido ao acúmulo de estressores em um curto intervalo de tempo (Cooke, 2017). Como apresentado em um boletim anterior (“Efeitos do estresse do transporte” – Abril/21; blog Nutricorp), o estresse resultante de manejos retira o organismo de sua zona de conforto (homeostase), fazendo com que o mesmo ative mecanismos [resposta da fase aguda (RFA)] para que o animal retome sua homeostase. A ativação destes, invariavelmente, drena nutrientes que inicialmente seriam destinados aos processos anabólicos (ganho de peso e produção de leite; Johnson, 1997) para o restabelecimento da homeostase, podendo limitar a eficiência das tecnologias adotadas na operação de confinamento (nutrição, genética e sanidade, por exemplo; Figura 1).
Figura 1. Impactos do estresse e bem-estar animal sobre o potencial de produção do rebanho e possíveis impactos sobre a eficiência das tecnologias adotadas na operação de confinamento (Adaptado da lei de Liebig, 1850).
Desta maneira, a Nutricorp vem buscando mostrar os reais benefícios e/ou fatores que possam influenciar a utilização de SecureCattle® (SC) nos manejos que antecedem a entrada dos animais no confinamento, especificamente no momento de embarque dos animais para o confinamento. Com base nesse racional, Fonseca et al., (2021), delinearam um experimento para avaliar o efeito da administração de SC no momento do embarque pré-transporte dos animais para o confinamento sobre os parâmetros produtivos do rebanho.
Foram utilizados 100 machos não castrados Nelore, os animais foram randomizados no momento do manejo de embarque dos animais para o confinamento de acordo com o peso corporal (PC) e atribuídos a 1 de 2 tratamentos: Controle = Sem a administração de 5 mL de SecureCattle® no momento do embarque para o confinamento e SecureCattle® = Com a administração de 5 mL de SecureCattle® no momento do embarque para o confinamento. Os animais foram embarcados em caminhões distintos (cada grupo em 1 caminhão; 50 animais/caminhão) e transportados por aproximadamente 44 horas até o confinamento de destino (Camapuã/MS >> Guaiçara/SP). Ao chegar ao confinamento, foi feito o manejo sanitário nos animais e alocados em baias coletivas (8 ou 9 animais/baia). Os animais foram submetidos ao mesmo protocolo sanitário e nutricional (Tabela 1).
Tabela 1. Dietas experimentais ofertadas a bovinos Nelore recebendo ou não SecureCattle® no momento do embarque para o confinamento.
A utilização de SC no momento do embarque para o confinamento demonstrou ser eficaz em melhorar a ingestão de matéria seca (IMS) durante o período de adaptação (+380g; P = 0.03), ganho médio diário (GMD) durante todo o período de terminação (+156g; P < 0.001) e a eficiência alimentar (EA) dos animais (P = 0.05), resultando e maior PC final (+14 kg; P = 0.03), e maior peso de carcaça quente (PCQ) ao final do período de terminação dos animais (+8,8 kg; P = 0.03; Tabela 2).
Tabela 2. Parâmetros de desempenho e característica de carcaça de bovinos Nelore recebendo ou não SecureCattle® no momento do embarque para o confinamento.
Em resumo, a administração de SC nos manejos que antecedem o início do confinamento (transporte para o confinamento) melhorou os parâmetros de desempenho dos animais, aumentando o PCQ e impactando positivamente o bolso do produtor, resultando em uma maior receita por animal. Desta forma, podemos concluir que o uso de SC pré transporte para o confinamento otimiza o desempenho produtivo do rebanho, conferindo maior produtividade e rentabilidade na operação de confinamento.