O Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro), divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela CropLife Brasil, fechou o 3º trimestre de 2021 em 121,1 pontos, 1,2 ponto acima do levantamento anterior. Embora a deterioração das avaliações sobre a economia brasileira tenha limitado uma melhora mais significativa do resultado, as expectativas positivas geradas pelo clima favorável no início do plantio da safra de verão, iniciado em setembro, mantiveram o otimismo dos produtores agrícolas e impulsionaram os ânimos das indústrias.
“Durante o terceiro trimestre, houve continuidade da alta da inflação e das taxas de juros, além da piora nas expectativas para o crescimento do PIB. Ainda assim, os resultados indicam uma confiança em alta”, afirmou o diretor titular do Departamento do Agronegócio da Fiesp, Roberto Betancourt.
Segundo a metodologia do estudo, os resultados demonstram otimismo quando são superiores a 100 pontos e pessimismo, quando ficam abaixo dessa marca.
Índice da Indústria: 121,9 pontos, alta de 3,4 pontos
Apesar das preocupações com as condições da economia brasileira, o índice da indústria registrou o resultado mais otimista desde o último trimestre de 2020. Segundo Betancourt, o indicador é condizente com a situação de muitos setores industriais que testemunharam um crescimento das vendas ao longo do ano, como é o caso dos fabricantes de máquinas agrícolas, dos exportadores de carnes e dos fornecedores de fertilizantes e defensivos.
“Existe, entretanto, uma distinção entre as diferentes pontas da cadeia”, advertiu o diretor. “O levantamento mostra um ganho de otimismo entre as empresas do Pós-Porteira (como as de alimentos e logística), enquanto houve praticamente estabilidade no setor de insumos (Pré-Porteira)”, explicou.
Indústrias Antes da Porteira (Insumos Agropecuários): 117,0 pontos, queda de 0,1 ponto
A confiança das empresas de insumos agropecuários se manteve praticamente estável, fechando a 117,0 pontos e oscilando 0,1 ponto para baixo em relação ao trimestre anterior. A preservação do patamar em níveis altos reflete o bom ano de muitas dessas indústrias.
É importante ressaltar que, no período do levantamento, praticamente todos os insumos necessários para a safra de verão 21/22 e boa parte do que será utilizado na safrinha já haviam sido comercializados.
“As recentes altas dos preços de fertilizantes e defensivos desaceleraram as negociações para a safra 2022/23, que tinham começado antecipadamente no primeiro trimestre do ano, e isso pode ter impedido um resultado melhor”, alertou o presidente executivo da Croplife Brasil, Christian Lohbauer.
Indústria Depois da Porteira: 124,1 pontos, alta de 5,0 pontos
Além de registrar o nível mais elevado da série histórica, o Índice de Confiança das Indústrias Depois da Porteira teve o aumento mais expressivo dentre todos os segmentos pesquisados, e isso pode ser explicado pelo bom início da safra de verão, pela perspectiva de normalização na oferta de soja e milho por parte dos fabricantes de alimentos e pela projeção de crescimento nos volumes de grãos a transportar do campo para os portos pelas empresas de logística.
“A confiança do Pós-Porteira também reflete o bom momento de alguns setores exportadores”, lembrou Lohbauer. “De janeiro a setembro deste ano, por exemplo, embarques de carnes cresceram 7% em volume e 22% em dólares na comparação com o mesmo período de 2020”, acrescentou o executivo.
Índice do Produtor Agropecuário: 119,8 pontos, queda de 1,9 ponto
Embora a queda do Índice do Produtor Agropecuário tenha se concentrado entre os pecuaristas, tanto criadores de gado quanto agricultores manifestaram piora na percepção relacionada aos custos da produção, o que ajuda a explicar o declínio do indicador.
Produtor Agrícola: 121,7 pontos, alta de 0,3 ponto
O Índice de Confiança do Produtor Agrícola se manteve num patamar elevado de otimismo e praticamente estável em relação ao trimestre anterior, fechando em 121,7 pontos, alta de 0,3 ponto. Para Lohbauer, um dos fatores que pesaram positivamente foram os preços, que se mantiveram altos no caso de produtos como soja, café e cana-de-açúcar.
Ainda de acordo com o executivo, subiu também o otimismo relacionado ao crédito rural, cujo desembolso em 2021 chegou a 90,2 bilhões de reais, 38% maior em relação ao ano passado.
Produtor Pecuário: 114,2 pontos, queda de 8,3 pontos
Os pecuaristas compõem o grupo no qual o índice de confiança teve o maior recuo. Assim como aconteceu com os agricultores, os custos de produção fecharam com a pior avaliação da série histórica, considerando que os preços médios das rações e dos bezerros se mantiveram em alta.
“A diferença é que, no caso dos produtores pecuários, houve perda de otimismo tanto com os preços, em queda no trimestre, quanto com a produtividade, prejudicada devido aos danos causados pelas geadas do inverno às pastagens no Centro-Sul do Brasil”, esclareceu Betancourt.