Por Adilson de Paula Almeida Aguiar, Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.
O objetivo deste texto é estabelecer os fundamentos para o primeiro uso da área recém-estabelecida (recém-formada, recém-plantada), ou por meio do pastejo, ou por meio da colheita mecânica da forragem.
Monitoramento
É recomendável que algum integrante da equipe, que foi treinado para tal, vá à área recém-plantada pelo menos duas vezes por semana após o dia da semeadura. Deverá anotar tanto a data da semeadura, ou plantio de mudas, quanto a data do início da emergência das plântulas após a germinação das sementes, ou brotação das mudas.
Saber as datas da semeadura/plantio por mudas e da emergência das plântulas, é fundamental para definir quando contar o estande de plântulas, controlar plantas infestantes, fazer uma adubação de cobertura e para prever a data do primeiro uso da área.
Por que monitorar?
Por exemplo, o estande de plântulas se estabelecerá até 15 dias após o início da emergência das plântulas. Se aparecer sintoma visual de deficiência nutricional nas plantas, a janela ideal de adubação de cobertura para a correção da deficiência deve ser até 30 dias após o início da emergência das plântulas. Se a área for infestada por plantas invasoras, o seu controle deve ser realizado em até 40 dias após o início da emergência das plântulas.
Primeiro pastejo
Por outro lado, a data prevista para o primeiro uso da área deve ter como parâmetro a altura alvo de manejo do pastoreio de cada planta forrageira e não o calendário humano, porque o tempo necessário para o alcance da altura alvo dependerá dos fatores de crescimento de plantas, tais como luz e radiação solar, temperatura, água e nutrientes. Mas, pelo menos é possível estabelecer uma meta – o primeiro pastejo deve ser feito entre 40 e 50 dias após o início da emergência das plântulas.
Quando pôr os bovinos no primeiro pastejo
A altura alvo de entrada dos animais, para o primeiro pastejo, deve ser 20% menor que aquela recomendada para pastagens já estabelecidas, cuja estrutura do pasto já esteja definida, porque o estande de plântulas ideal varia entre 15 e 50 plântulas/m², dependendo do hábito de crescimento da variedade forrageira, mas o estande de plantas já estabelecidas não precisa ser maior que 5 plântulas/m².
Portanto, 67% a 90% das plantas emergidas desaparecerão sem comprometer a estrutura e a produção do pasto, nem a sua vida útil. Com 15 a 50 plântulas/m², logo no início do crescimento das plântulas, já se estabelece uma competição pela luz solar, condição que provoca a mudança precoce do estádio vegetativo para o reprodutivo com alongamento das hastes e aumento da altura das plantas, aumentando o risco de perdas de forragem por tombamento.
Por isso, o primeiro uso da pastagem, por meio do pastejo, deverá ser quando a planta alcançar no máximo 80% da sua altura alvo em relação a uma pastagem já estabelecida.
Quando retirar os bovinos no primeiro pastejo
Por outro lado, a altura alvo de saída dos animais do piquete, após o primeiro pastejo, deve ser 20% maior que aquela recomendada para pastagens já estabelecidas, porque, no primeiro crescimento da pastagem, apesar do grande número de plantas por área, o número de perfilhos por planta é menor do que nos crescimentos subsequentes.
Como, após o primeiro pastejo, o número de plantas será 10 a 33% do número de plântulas que emergiram após a germinação das sementes e o número de perfilhos por planta será menor que nos crescimentos seguintes, é preciso deixar a planta mais alta para que fique com maior área foliar remanescente.
A dinâmica do estande da pastagem
Mas por que 67% a 90% das plantas desaparecem após o primeiro pastejo?
Estas plantas são provenientes de sementes que germinaram após duas semanas do início da germinação das sementes, ou seja, o estande de plantas adultas na pastagem já estabelecida será definido pelas plantas cujas sementes emergiram nas primeiras duas semanas após o início da germinação.
Plantas que emergem tardiamente vão encontrar uma competição por fatores de crescimento com aquelas plantas que emergiram nas primeiras duas semanas. Assim, não desenvolvem um sistema radicular vigoroso e profundo e são arrancadas por ocasião do primeiro pastejo, mas estas plantas arrancadas iriam morrer de uma maneira ou de outra, por ataque de pragas ou acometidas por doenças, ou na primeira seca de sua vida, porque seriam menos vigorosas.
Deixar o pasto florescer e sementear no primeiro ano?
Mas aqui um produtor ou um técnico pergunta: mas eu sempre ouvi e sempre deixei o pasto florescer e produzir sementes no primeiro ano após o seu plantio. Responderei a esta dúvida na próxima edição – aguarde.