Propriedade no Paraná está com as pastagens de
Estamos vivendo o que já é considerada a pior seca em mais de 90 anos. O déficit de chuvas segundo o Sistema Nacional de Meteorologia (SNM) já é considerado severo em vários estados. Segundo especialistas são vários os motivos da falta de chuva como o desmatamento da Amazônia, o aquecimento global causado por queima de combustíveis fósseis e também o fenômeno natural La Niña.
E, mesmo nesse tempo seco e com déficit de chuva, nos deparamos com uma pastagem de ‘encher’ os olhos localizada na Fazenda Cabanha Caracu Mocho no município de Reserva no Paraná. Naturalmente surge a dúvida, como esse pecuarista conseguiu passar o inverno e estar com uma pastagem dessas? Para sanar essa pergunta e ajudar os demais amigos pecuaristas e leitores o portal Boi a Pasto foi conversar com o Fábio Castro Loureiro, criador de Caracu Mocho em duas propriedades: a Cabanha Caracu Mocho em Reserva (fotos) e a Fazenda Cerca Queimada no município de Palmas, ambas no Estado do Paraná.
Segundo Loureiro, apesar da pouca chuva esse ano eles acertaram a época de plantio da pastagem de inverno, acompanhada de alguns milímetros de chuva pós o plantio. Foi utilizado aveia e azevém, nas proporções de aproximadamente 60 a 70% aveia e 30 a 40% azevém.
A pastagem de inverno é anual e sazonal, disponível durante os meses de junho a outubro, utilizando as mesmas áreas de cultura de verão (soja, milho).
“Esse é um facilitador, a pastagem de inverno é produzida em áreas de lavoura, áreas corrigidas e bem adubadas.Não ocorre irrigação durante o período de pastagem de inverno, ambas as sementes se complementam, a aveia tem um ciclo rápido e curto de aproximadamente 3 a 3,5 meses, e o azevém, além de ser mais resistente ao frio intenso e pisoteio, é uma cultura um pouco mais do tarde, ou seja, quando o ciclo da aveia está no fim, o azevém ainda está forte”, comentou o pecuarista.
Essa é a dica de ouro do pecuarista, o cuidado com a pastagem e o cultivo de pastagem em épocas corretas do ano. No verão são cultivadas as pastagens perenes de brizantha e no inverno as pastagens sazonais de aveia/azevém.
O pecuarista é a quinta geração da família na pecuária, que começou a criação da Raça Caracu em 1916 na Fazenda Cruzeiro em Palmas (PR), com o trisavô Brasileiro Marcondes Pimpão e o bisavô Felippe Schell Loureiro.
“Antes do advento da lavoura, não existia pastagem de inverno, os animais passavam o ano todo no mesmo tipo de pastagem, e sem dúvida, a seca e o frio rigoroso secavam as pastagens nativas, sendo necessário na época queimadas para que houvesse a brotação, e mesmo assim, nos tempos antigos havia perda de animais pela falta de pastagem nutritiva e adequada”, comentou.
O pecuarista que trabalha com animais registrados exclusivamente da Raça Caracu, na cria e recria, sendo 100% dos animais criados somente a pasto afirmou a importância do cuidado com o pasto.
“Independente de ser pequeno, médio ou grande produtor, investimento, capricho e amor naquilo que se propõe a fazer. Na família costumamos dizer, não somos criadores de Caracu, fomos criados pelo Caracu”, finalizou.