O mercado brasileiro de reprodução animal contabilizou a venda de 4,85 milhões de doses de sêmen ao longo do primeiro trimestre de 2022, queda de 3,4% frente ao mesmo período de 2021 (de 5,02 milhões de doses vendidas). Esse cenário se deve aos estoques de doses acumulados em 2021, quando propriedades nacionais de cria de corte adiantaram as compras de sêmen visando garantir o insumo para a estação de monta – vale lembrar que as vendas no trimestre de 2021 cresceram 50% em comparação ao mesmo período de 2020.
Esses dados são levantados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a Asbia (Associação Brasileira de Inseminação Artificial), desde 2017, e fazem parte do relatório setorial Index Asbia. A Associação representa, segundo estimativas internas, cerca de 94% do share nacional de vendas de sêmen bovino.
De janeiro a março deste ano, 95% das doses de sêmen tiveram como destino o mercado interno, contra 97% no primeiro trimestre de 2021. Observa-se, neste ponto, crescimento na demanda internacional pela genética do Brasil. Segundo dados do Cepea/Asbia, 230 mil doses foram exportadas no primeiro trimestre de 2022, contra 150 mil no mesmo período do ano anterior, forte avanço de 53%. E os envios externos de doses de sêmen de raças leiteiras se destacam, tendo em vista que cresceram expressivos 75% de janeiro a março deste ano frente ao mesmo período de 2021 e representaram 63% do total embarcado pelo Brasil.
Já no mercado interno, as vendas de doses são divididas entre “Prestação de Serviços”, ou “PS” (que representa o contrato de coleta e industrialização de doses de sêmen de um touro de posse de um produtor rural, que irá utilizar as doses coletadas para a inseminação de seu rebanho próprio), e as “vendidas para cliente final” (doses vendidas pelas empresas de genética para produtores rurais, visando o uso para inseminação das matrizes de seus rebanhos).
No caso das entregas via “PS”, houve avanço de 8% nas vendas de doses no primeiro trimestre de 2022 contra o mesmo período do ano passado. Destaca-se que esta modalidade é muito voltada ao mercado de raças de corte, que, por sua vez, somaram 97% do total de doses entregues.
Já no segmento de vendas para cliente final, que representou 95% do total de doses de sêmen entregues em solo brasileiro, observa-se queda de 7% entre os primeiros trimestres de 2021 e de 2022, passando de 4,34 milhões de doses para 4,05 milhões. A diminuição foi observada nos setores de pecuária de corte (recuo de 6%) e de leite (baixa de 10%).
Do volume vendido no primeiro trimestre deste ano, 73% foram referentes ao mercado de pecuária de corte. Apesar da queda observada nas vendas do primeiro trimestre, observa-se uma busca dos criadores nacionais pela recomposição de seus rebanhos, bem como o melhoramento genético de seus plantéis.
No segmento de sêmen de leite, que representou 27% das vendas para cliente final no primeiro trimestre de 2022, a redução nas vendas é reflexo do período de alta nos custos de produção para as propriedades de leite nacional. No entanto, esta queda foi mais branda quando os destinos são sistemas de produção mais intensivos, que acabam se tornando dependentes do insumo sêmen. Com isso, há sustentação dessa demanda mesmo em períodos de menor atratividade do setor leiteiro.
SEGUNDO TRIMESTRE – A expectativa de agentes do setor é de recuperação nas vendas de sêmen a partir do segundo trimestre de 2022, fundamentados na alta influência da sazonalidade das estações de monta nacionais nas vendas para o País. Além disso, a aquecida demanda externa pela carne brasileira deve manter firme a busca por sêmen, bem como o crescente interesse pela genética nacional.