O nascimento dos bezerros representa um momento importante pois representa o crescimento do projeto pecuário. Porém, para que a alegria não seja transformada em prejuízo é preciso muita atenção do produtor. Afinal, as doenças estão à espreita e os recém-nascidos são mais suscetíveis a problemas sanitários. “Dentre os desafios sanitários que podem acometer os bezerros neonatos, a infecção por miíases (bicheiras) é uma das principais causas de mortalidade. O manejo correto na queima do umbigo logo após o nascimento é tão fundamental para a saúde do animal quanto a aplicação do colostro e a limpeza do ambiente”, ressalta o médico-veterinário Thales Vechiato, gerente de produtos para Animais de Produção da Pearson Saúde Animal.
O umbigo do bezerro é o elo entre o feto e a mãe durante a gestação. Após o nascimento, se torna porta de entrada para bactérias e infecções. O manejo adequado envolve a cauterização do umbigo com substâncias antissépticas, como tintura de iodo a 7% de diluição em água ou o uso de larvicida. “O curativo deve ser feito diariamente por três a quatro dias. Se correr tudo bem, o coto umbilical, ou seja, o resto do cordão que sobra na cria, cairá por volta do nono dia. Junto com o curativo pode ser aplicado o larvicida e antisséptico Bertac, que funciona como um protetor e eliminador da miíases presentes na ferida aberta”, recomenda o médico-veterinário.
A queima do umbigo representa um investimento na saúde a longo prazo do rebanho. Ao evitar infecções no início da vida do animal, os produtores reduzem os custos com tratamentos e uso de antibióticos. “Isso não apenas economiza recursos, mas torna a produção rentável por meio da preservação do bem-estar do animal”, ressalta Vechiato.
Esses cuidados devem fazer parte da rotina do pecuarista, pois, em média, a mortalidade de bezerros até os dez meses de vida do animal chega a cerca de 7% nas fazendas, segundo dados da Embrapa. Se for levado em conta que nascem por ano no Brasil mais de 40 milhões de bezerros, é estimada taxa de mortalidade próxima de 3 milhões de animais.
“É possível afirmar que a cura do umbigo é o pilar mais importante do desenvolvimento do bezerro, pois se não for bem feito compromete outros fatores de risco, como o desinteresse do animal em aproveitar de maneira correta o primeiro leite da mãe, conhecido como colostro, que funciona como uma vacina natural pelo fato de ser a única forma de transmissão de anticorpos”, conclui Thales Vechiato.