Segundo o executivo, em 2020 essa situação foi melhor absorvida pelo mercado interno, pois parte da população recebeu o auxílio emergencial e usou os recursos para consumo. “Mas em 2021 tivemos o mercado interno muito mais desafiador, com a exportação forte, tornando esse preço inflacionado. Isso comprimiu as margens dos frigoríficos não exportadores”, afirmou Gularte.
No longo prazo, avalia, a distorção criada não só pela demanda externa mas a situação climática que afeta a produção e impulsiona os preços, deve se ajustar. “Não é uma equação que se conserta facilmente, há um delay, mas ao longo do tempo esse ajuste acontece, para o valor que o mercado [interno] pode e deve pagar.”
Ociosidade – A Marfrig pretende abater neste ano mais cabeças de gado em um número menor de unidades industriais habilitadas para exportação. O CEO da Marfrig Global Foods na América do Sul, Miguel Gularte, disse que o volume abatido em 2019 com 14 plantas de abate em operação no País, deve ser o mesmo em 2022, com 10 unidades de abate – o que deve reduzir a taxa de ociosidade das plantas.
Para o executivo, há épocas do ano em que a oferta é maior e, em outros momentos, a oferta diminui, já que a pecuária no Brasil, assim como Argentina e Uruguai, é predominantemente feita à base de pasto, que depende do regime de chuvas.
Gularte observa que nesses momentos a indústria tem a capacidade de ter margens maiores, mas, em contrapartida “tem a questão da capacidade ociosa, que é existente e persistente”. Assim, para o executivo, uma das estratégias é dotar a indústria de plantas com melhores habilitações e escalas maiores. Os mercados mais exigentes tem uma constância maior, com uma demanda mais equilibrada, pontua.