Os preços da carne bovina de segunda no varejo serviram longamente, no passado, como referência para avaliação da evolução dos preços do frango abatido. Pois ambas chegavam aos consumidores com preços muito próximos entre si.
Ao longo do tempo o referencial acabou se perdendo porque a carne bovina (como um todo) passou a experimentar valorização maior que a do frango, processo fortemente acelerado a partir do final de 2019, quando as exportações de carne bovina registraram firme expansão, com reflexos inclusive no varejo interno.
Para melhor ilustrar, entre 2014 e 2019, enquanto os preços do frango no varejo evoluíram a uma média de pouco mais de meio por cento ao mês, os da carne bovina registraram variação próxima de 1% ao mês – o que parece pouco, mas representa diferença significativa, pois, entre os dois extremos desse período, o frango acumulou variação de 50%, bem abaixo, portanto, dos 86% acumulados pela carne de segunda.
Porém, essa diferença se acentuou ainda mais a partir de 2020. Tanto que – entre agosto e setembro de 2021, quando os preços das duas carnes atingiram recordes históricos no varejo – frente a uma evolução acumulada de pouco mais de 110% no preço do frango, o da carne bovina de segunda acumulava aumento de, praticamente, 210%.
Naturalmente, isso aumentou de forma significativa o poder de compra do frango abatido em relação à carne bovina de segunda. Assim, se na média de 2019 o valor pago por um quilograma de carne bovina permitiu ao consumidor adquirir pouco mais de 2,750 kg de carne de frango, nos dois anos seguintes essa média subiu para 3,385/3,475kg.
Neste ano (janeiro/abril), com a valorização do frango abatido, esse volume sofreu ligeiro recuo. Mas na média do quadrimestre, com o valor pago pelo quilo da carne bovina de segunda, foi possível adquirir pouco mais de 3,180 kg de frango abatido, quantidade 12% superior à registrada em 2019.