Produtores de soja de todo o país relataram ao secretário de Política Agrícola, Neri Geller, e ao assessor especial do Ministério da Agricultura, Carlos Augustin, um cenário pior que o projetado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2023/24 durante reunião nesta quinta-feira (11/01).
Lideranças estaduais indicam quebra de 20 milhões de toneladas em relação à estimativa da estatal, que projeta colheita de 155,3 milhões de toneladas da oleaginosa, conforme levantamento divulgado na quarta-feira.
O pessimismo com a produção se deve a problemas com atrasos no plantio, necessidade de replantio de algumas áreas, estiagem na região Centro-Oeste e Matopiba e calor excessivo nas lavouras em todo o país. No balanço informal feito pelas lideranças, a colheita é estimada em torno de 135 milhões de toneladas.
A Pátria Agronegócios apresentou um levantamento atualizado, feito a pedido da de da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), com a projeção de produção de 143,18 milhões de toneladas, redução de 7,4% em relação ao volume consolidado colhido na safra 2022/23.
“O epicentro dos problemas está na região central do país, a principal produtora, que tem sofrido mais com a presença do El Niño de alta intensidade”, disse Matheus Pereira, diretor da empresa.
A área plantada de soja no país, segundo a Pátria, ficou em 44,4 milhões de hectares, a menor elevação dos últimos 13 anos. Já a produtividade média nacional deve recuar 8,1%, para 3,2 toneladas por hectare. Em Mato Grosso, principal produtor do país, a produção deve cair 17% na comparação com a colheita de 2022/23, para 37,8 milhões de toneladas. No Paraná, a perda pode ser de 11%, para 19,8 milhões de toneladas de soja.
Em relação à estimativa inicial da Pátria, que projetava um potencial produtivo de 164,67 milhões de toneladas na safra 2023/24, serão 21,5 milhões de toneladas perdidas de soja. “É a segunda maior quebra da história nessa base de comparação”, concluiu Pereira.
O balanço da Pátria, atualizado nesta quinta-feira (11/01), mostra redução de 21,8% na produção em Rondônia, para 1,59 milhão de toneladas. O Matopiba também terá problemas. Maranhão (-10,1%), Tocantins (-7,3%), Piauí (-12,4%) e Bahia (-17,7%) terão colheitas menores de soja. O volume total nos quatro Estados deverá ser de 17,43 milhões de toneladas.
Com isso, a Pátria Agronegócios projeta um quadro de oferta e demanda no Brasil com 147,8 milhões de toneladas de disponibilidade total, consumo doméstico de 57,1 milhões de toneladas e exportação de 88 milhões de toneladas na safra 2023/24. O estoque final previsto nesse cenário é de 145,1 milhões de toneladas.