Thomas Daimling, pecuarista, e Ailton Francisco de Jesus, agricultor, uniram-se em sociedade visando estabelecer um sistema Integração Lavoura-Pecuária na Fazenda Nossa Senhora de Fátima, em Aral Moreira, MS. Ambos foram contar suas experiências e conhecimentos sobre o sistema integrado no 6º Seminário Técnico de Integração Lavoura-Pecuária, realizado em 8 de agosto, na Embrapa Agropecuária Oeste (assista ao evento completo pelo Canal da Embrapa no YouTube: Link).
O resultado da pecuária na Fazenda Nossa Senhora de Fátima, em uma visão anual na produção de carne, de julho de 2023 a junho de 2024, foi de 69,81@ carne (R$ 230 a arroba) que equivale a 134 sacas de soja (R$ 120 a saca).
A ILP foi instalada na fazenda a partir do ano de 2015 e está em fase de aprimoramento e implantação. Os responsáveis são os próprios produtores que lideram esse projeto com o apoio de assistência técnica e parceiros, principalmente fornecedores de insumos.
O processo foi iniciado em áreas menores, sendo uma área com a implantação do Sistema Integração Lavoura e Pecuária, onde parte da área cultivada é direcionada ao plantio de braquiária, sendo dois anos com a pecuária, retornando por duas safras ou 28 meses com agricultura. “Os resultados benéficos são claros para a agricultura. Nós acreditamos que a pecuária, junto com a agricultura, pode andar muito bem, como engrenagens, e se complementar”, disse Daimling.
Airton contou que o sistema atual foi escolhido por ser o que mais se adapta às condições edafoclimáticas da região, mas à medida que novas tecnologias são lançadas e testadas, o sistema vai sendo aperfeiçoado. “Acredito que hoje nós estamos seguindo o caminho certo. Todo ano tem adaptação. Se fosse começar o projeto novamente, não faria nada diferente do que foi executado”, garantiu.
A pecuária
A área com ILP é de 410 hectares de área total da fazenda, sendo 20% de pecuária com duração de 28 meses (2 verões e 3 invernos), boi inteiro de 280kg a 400 kg. Depois de 420 kg o boi entra em confinamento para terminar com 22@ aproximadamente.
A fazenda está no Programa do Novilho Precoce. “No nosso sistema queremos comprar o bezerro e sair com o boi em 1 ano no confinamento pra sair com, no máximo, 24 meses. No inverno extensivo ou intensivo é necessário fazer suplementação para não ter que reduzir a lotação. Tudo é dinâmico, dependendo sempre do clima”, explicou o pecuarista.
Como pastagem, escolheram a BRS Piatã, porque não afetou a plantabilidade da soja que vem em seguida. “Queremos aproveitar o capim no verão; no inverno, fazemos suplementação com volumoso, para alcançar um Ganho Médio Diário de Peso (GMD) de 1.000g/dia e lotações de 6-8 UA/ha”, esclarece. Segundo Daimling, o maior gargalo é o manejo de capim para conseguir “fazer bem feito” e adequar a lotação para o capim que está sendo produzido.
O primeiro pastejo para o capim, para eles, é o maior desafio. “A entrega para a lavoura é fácil. Entregamos entre 15 cm e 20 cm de altura”. Se estiver mais alto, entram com uma lotação maior e conseguem chegar na medida. “Ainda não sabemos qual a altura certa para o primeiro manejo do capim. O que é melhor? Rapar ou deixar o capim mais alto? Para mim, é rapar, deixando de 10 cm a 15 cm. Se deixa passar, o manejo do capim demora mais que um ano”, relata.
A agricultura
“Não existe prioridade entre um e outro. Buscamos a sustentabilidade”. Assim Airton deixou claro em sua fala. Ele começou explicando os procedimentos adotados após finalizado o ciclo pecuário: fazem análise de solo, calagem, gessagem, dessecação antecipada, descompactação das áreas de praça de alimentação, adubação fosfatada no sulco de plantio, adubação potássica de 1/3 no sulco de plantio e de 2/3 em cobertura.
“Temos que aprender muito quando volta da pastagem para agricultura, porque não estamos tendo um teto de produtividade muito elevado. No segundo ano, o teto já aumenta bastante”, disse o agricultor. Ele atribui isso ainda a problemas de não terem acertado a dessecação e não conseguirem uniformidade no plantio principalmente na distribuição de sementes.
Já estão pensando em fazer a correção do solo no segundo ano onde está a integração. Atualmente, realizam a correção no ano em será implantada a soja. Fazem manutenção de adubação, principalmente com a correção dos nutrientes de acordo com a produtividade da soja e do milho. Na pastagem, é feito complemento com nitrogênio, mas fósforo e potássio são utilizados somente na soja.
Os dois produtores rurais dão prioridade ao cultivo de verão e para a pecuária. “Não adianta plantar soja pensando em milho safrinha para nossa região. O advento do plantio do milho safrinha força a antecipação de plantio da soja. Sabemos que a soja está cada vez mais com ciclos menores, mas eu vejo que pra nossa região não são as variedades mais produtivas e estáveis”, argumentou Ayrton.
Um dos critérios que adotam pra aumentar a produtividade da soja é a escolha de variedades, do grupo de maturação de 6.4 a 6.6. Só começam o plantio no final de setembro se o solo tiver condição de umidade suficiente.
Velocidade de plantio: no máximo 4,5 km/h para ter uniformidade de plantas. “Não abrimos mão do sulcador, principalmente em altas temperaturas, utilizando sulcador em cima de braquiária”, explicou o agricultor.
O que preconizam
O objetivo dos produtores rurais é a forma de produção: sustentável por meio de Manejo Integrado de Pragas, uso de produtos biológicos no sulco do plantio, utilização de plantio de inverno alternando milho, trigo e aveia; econômica através da busca de altos índices de produtividade; e socialmente correta ao incluir os colaboradores nos negócios por meio de treinamento e premiações. “Isso tudo é importante para chegarmos ao objetivo que queremos”, enfatizou Airton.
6º Seminário Técnico de ILP – O Seminário é realizado anualmente. Em 2024, aconteceu na Embrapa Agropecuária Oeste e contou com mais de 100 participantes entre produtores rurais, técnicos e pesquisadores. Se quiser assistir a todo o evento que contou com cinco palestrantes na programação, acesse pelo Canal da Embrapa no YouTube: Link. O evento é uma realização da Embrapa Agropecuária Oeste, SustentAgro e Rede ILPF. Conta com o patrocínio da Ciarama Máquinas – John Deere, Sicredi e Pantanal Peças Implementos Agrícolas e tem o apoio da Cocamar Cooperativa.
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