O II Encontro de Produtores Rurais do projeto Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), promovido nesta sexta-feira (26/11) pelo Sistema Famato, Senar-MT, Embrapa Pantanal e Acrimat reuniu integrantes do projeto, técnicos, pesquisadores, produtores rurais e a imprensa. Produzir no bioma Pantanal é um desafio, requer habilidade, paciência e políticas públicas para o setor. O evento contribuiu para que os agentes envolvidos avaliassem os resultados desta iniciativa que começou em 2018 e seguirá até 2023.
“Parabenizo os produtores e entidades envolvidas que aceitaram o desafio e estão fazendo acontecer o projeto que tem em sua essência o real significado da sustentabilidade”, afirmou o diretor e segundo vice-presidente da Famato, Marcos da Rosa, ao dar as boas-vindas aos participantes.
Os palestrantes fizeram uma explanação de como o pecuarista pantaneiro tem atuado, com orientação do projeto FPS, para fazer um sistema de produção diferenciado e aliado à rica biodiversidade pantaneira, fazendo disso um diferencial para seu negócio e para a região.
“Os diagnósticos apresentados hoje comprovam que o produtor produz e preserva. O pantaneiro está dando uma aula para o Brasil e para o mundo de como produzir com sustentabilidade. E o projeto FPS tem contribuído para isso. O pantaneiro é essencial, diferenciado e se adapta pelo bem-estar do Pantanal”, disse o superintendente do Senar-MT, Chico da Pauliceia.
Segundo ele, o Senar-MT incluiu no orçamento para 2022 investimentos para a abertura de 15 novas vagas no programa. “O projeto FPS não pode parar, por isso estamos prevendo para o próximo ano investimentos para ampliar a iniciativa”, afirmou.
A gestora do Núcleo Técnico da Famato, Lucélia Avi, apresentou as diretrizes do projeto, representatividade, execução, cases das fazendas assistidas, os desafios que precisam ser superados, como clima, políticas públicas e ambientais, resolução de passivos ambientais, mão de obra qualificada e créditos.
Na sequência, o responsável pelo Custo de Produção da Pecuária do Imea, Emanuel Salgado, apresentou os resultados preliminares da FPS em 2021, entre eles estão os custos operacionais das propriedades, rentabilidade e oportunidades.
Dados econômicos – Os estudos indicam que o custo operacional total da pecuária no Pantanal é 40% superior em comparação a outras regiões do estado que também utilizam o sistema de cria. Os produtores participantes do projeto, por exemplo, investiram nas propriedades R$ 5,65 milhões, sendo 41,9% em infraestrutura, 34,4% em máquinas/equipamentos e em 23,7% em benfeitorias para fornecimento de água para os animais.
O lajida (lucro antes dos impostos, que são os juros, depreciação e amortização) das fazendas do Pantanal foi 6,7 vezes menor em relação às demais propriedades de cria do estado. “No terceiro trimestre deste ano, essas propriedades de cria de Mato Grosso tiveram um lajida por volta de mil hectares, enquanto que a média das fazendas do projeto ao longo de 2021 foi de R$ 152,20 por hectare. Além da escassez hídrica, a dificuldade de manejo de pastagem e o custo de produção das propriedades do Pantanal também são mais altos”, pontuou Emanuel.
Manejo – A pesquisadora da Embrapa Pantanal, Sandra Santos, falou sobre manejo de pastagem e limpeza de área no Bioma Pantanal. Reforçou o uso da FPS na tomada de decisão de boas práticas agropecuárias e melhorias dos serviços ecossistêmicos, assim como os principais problemas e desafios enfrentados pelos produtores como: seca, falta d’água e a limpeza das áreas que dependem dos órgãos ambientais.
“A sustentabilidade depende das boas práticas de manejo. Sempre lembrando que cada propriedade é diferente da outra, por isso é importante que o produtor acompanhe todo o processo e conheça tudo dentro da sua porteira”, explicou a pesquisadora.
A secretária adjunta de Gestão Ambiental da Sema, Luciane Bertinatto Copetti, fez uma explanação sobre as legislações vigentes para o Pantanal. Informou sobre a qualidade da elaboração dos projetos técnicos conforme a complexidade de cada área, reponsabilidade técnica quanto ao profissional habilitado para manejar a vegetação nativa, emissão de autorizações, licenciamento, Cadastro Ambiental Rural, entre outros assuntos.
Também participaram do evento a coordenadora geral de Mudanças do Clima e Agropecuária Sustentável da Secretaria de Inovação e Desenvolvimento Rural do Mapa, Fabiana Alves, a diretora-executiva de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Adriana Regina Martin, e a primeira-secretária da Acrimat, Eloisa Hage.
Site – Para dar mais visibilidade ao projeto e transparência nas ações, o Sistema Famato desenvolveu um site onde divulga matérias, fotos, histórico das propriedades, entre outras informações aqui: https://fps.sistemafamato.org.br/
A transmissão foi gravada e está disponível no canal da Famato no YouTube https://www.youtube.com/watch?v=Jca9BfhS-H8 .