A Associação Rede ILPF promoveu nesta quarta-feira, dia 22, em Caldas Novas (GO), mais uma edição de sua reunião técnica, evento que precede o Dia de Campo da Fazenda Santa Brígida (Ipameri-GO). O mercado de carbono e a inserção dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta neste cenário foi o tema da discussão.
O evento teve como público pesquisadores, técnicos, produtores e outros profissionais convidados pelas instituições associadas à Rede ILPF. Fazem parte da associação Bradesco, Cocamar, Embrapa, John Deere, Soesp, Syngenta, além da Suzano, que acaba de se associar à Rede. A empresa do setor florestal, entretanto, não será a caçula por muito tempo. O presidente da Assembleia da Rede ILPF, Luiz Lourenço, anunciou em primeira mão a entrada da Minerva.
Mercado de carbono
A programação técnica teve início com apresentação sobre a Câmara Temática de Carbono, uma iniciativa da Rede ILPF para valorizar o efeito dos sistemas ILPF para descarbonização. De acordo com Bruno Alves, pesquisador da Embrapa Agrobiologia e coordenador da Câmara, o trabalho iniciado em 2022 visa organizar informações e gerar coeficientes técnicos nacionais para possibilitar maior representação da ILPF no inventário nacional de mitigação de gases de efeito estufa.
“Objetivo de valorizar o efeito ambiental de grande importância dos sistemas ILPF. Estamos nos estruturando para ter bases de informação e também para representar os produtores que trabalham com ILPF, os associados e as empresas que dão suporte a isso, dentro de fóruns de governo onde se discutem as políticas públicas para que a gente valorize de fato a importância desses sistemas na questão do carbono”, explicou ou Bruno Alves.
As iniciativas da Câmara Temática de Carbono visam possibilitar que produtores e instituições que trabalham com ILPF façam parte do mercado de carbono. Conforme apresentou Eduardo Bastos, da MyCarbon, somente em 2022 o mercado regulado movimentou US$ 865 bilhões no mundo e a tendência é de que até 2025 esse valor ultrapasse os US$ 1 trilhão. Mercado regulado é aquele no qual participam os países que possuem compromissos formais de redução e compensação de emissões de gases de efeito estufa.
Há ainda o grande potencial do mercado voluntário, que movimentou US$ 2 bilhões em 2022 e estima-se um aumento para cerca US$ 100 bilhões até 2030. Este mercado envolve países e empresas sem compromissos formais, como é o caso do Brasil.
Em sua apresentação, Eduardo mostrou que a América Latina é a região do globo com melhores condições de prover esse mercado, com o Brasil ocupando espaço de destaque. Ele também mostrou que há diferentes tipos de créditos de carbono, como os gerados pela conservação florestal, pelo reflorestamento e pela adoção de boas práticas agropecuárias, como a recuperação de pastagens degradadas e a ILPF. Cada tipo tem um valor diferenciado.
Porém, para acessar as oportunidades do mercado de crédito de carbono, há desafios que precisam ser superados. O processo de elaboração de projetos, regulação, certificação, medição, reportagem e verificação foram discutidos em uma mesa redonda que finalizou a programação.
Moderada pelo professor Carlos Sanqueta, da Universidade Federal do Paraná, o debate contou com a participação de Vanessa Biral, da BR Carbon, Savio Sardinha, da Future Carbon, Renato Rodrigues, da Regrow e Marcela Porto, da Olan Agri.
Os debatedores falaram sobre as etapas para elaboração de projetos de crédito de carbono. Ainda caros e complexos, a recomendação é que eles devem ser elaborados por empresas especializadas, por meio associações, cooperativas, agentes de fomento e bancos. Outro aspecto levantado é o tempo que se leva desde o início até o recebimento pela venda dos créditos.
Os debatedores destacaram ainda que o crédito de carbono não deve ser o foco do produtor e sim uma consequência das boas práticas adotadas para melhoria do solo de sua propriedade e aumento da produtividade.
Homenagens
A Reunião Técnica também marcou homenagens prestadas pela Rede ILPF à Embrapa pela celebração de seus 50 anos e para dois dos responsáveis pela criação da empresa em 1973: o ex-presidente da Embrapa Eliseu Alves e o ex-ministro da Agricultura Alisson Paolinelli.
Eliseu Alves participou da primeira diretoria e ajudou a construir o modelo da instituição. Ele se aposentou no fim do ano passado, após 49 anos de dedicação à pesquisa. Já Paolinelli foi ministro no período de criação da Embrapa e grande incentivador do modelo de desenvolvimento do setor agropecuário por meio da ciência.
A homenagem à Embrapa foi recebida pelo presidente Celso Moretti, que aproveitou a oportunidade para convidar os presentes para a comemoração do cinquentenário no dia 26 de abril, em Brasília.
Prêmio Rede ILPF
Durante a Reunião Técnica também foram entregues os troféus e certificados para os vencedores da terceira edição do Prêmio Rede ILPF de Jornalismo e da segunda edição do Prêmio Rede ILPF de Fotografia.