O Brasil é considerado uma potência agrícola e responsável por alimentar 1 bilhão de pessoas no mundo. Podemos destacar que o país possui área, solo, temperatura e umidade propícias para produção de alimentos, e é o país que mais preserva a vegetação nativa, ocupando posições de destaque como produtor e exportador das principais commodities. A pecuária brasileira tem como base as pastagens, por ser a forma mais econômica de se produzir alimentos quando comparado a sistemas em confinamento, por exemplo. Estima-se que as áreas de pastagens cultivadas e nativas no Brasil ocupem aproximadamente 163,1 milhões de hectares, que correspondem a 21% do território nacional sendo responsáveis por sustentar o maior rebanho comercial de bovinos do mundo com 196,4 milhões de cabeças (Abiec, 2022).
Apesar dos avanços no uso de tecnologias produtivas por parte dos produtores rurais, cerca de 50% das áreas de pastagens estão em algum estágio de degradação (Dias-Filho, 2014). Diante do cenário atual e perante as mudanças climáticas, o Brasil tem um grande desafio, que é produzir alimentos para atender a população crescente, sem ter que abrir novas áreas. De acordo com dados da FAO, até 2050 a população deve crescer cerca de 35% e a produção de alimentos terá que duplicar para sustentar essa demanda.
Neste contexto, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) surge como estratégia de produção sustentável para a agropecuária brasileira, com a possibilidade de aumentar a produção de alimentos em uma mesma área, além de contribuir para a recuperação de pastagens degradadas. Conceitualmente, a ILPF pode ser definida como estratégia de produção onde ocorre o cultivo em uma mesma área de espécies agrícolas, florestais e pecuária, seja em consórcio, sucessão ou rotação, buscando efeitos sinérgicos entre seus componentes, contemplando a viabilidade econômica, adequação ambiental e a valorização do homem (Balbino et al., 2011).
Segundo Balbino et al. (2011), os sistemas integrados podem ser adotados em quatro modalidades:
- Integração Lavoura-Pecuária (ILP) ou Agropastoril: sistema de produção que integra espécies agrícolas e pecuárias, em consórcio, sucessão ou rotação em um mesmo ano agrícola ou por vários anos. Nessa modalidade não há a presença do componente arbóreo. É a modalidade mais adotada pelos produtores rurais, com aproximadamente 83% de adoção, principalmente pela maior facilidade de cultivo e retorno econômico a curto prazo.
- Integração Lavoura-Floresta (ILF) ou Silviagrícola: sistema de produção que integra espécies florestais em consórcio com cultivos agrícolas anuais ou perenes. É mais adotada por pequenos produtores e pelo tempo em que o componente arbóreo está em crescimento e não pode ter a presença do animal. Cerca de 1% dos produtores adotam essa modalidade.
- Integração Pecuária-Floresta (IPF) ou Silvipastoril: sistema de produção que integra pecuária (pastagem e animais) e espécies arbóreas, em consórcio. Essa modalidade é adotada por cerca de 7% dos produtores rurais e mais utilizada em áreas que não possuem aptidão agrícola ou com topografia que dificulte o uso de maquinários agrícolas.
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ou Agrossilvipastoril: sistema de produção que integra espécies agrícolas, florestais e pecuária (pastagem e animais) em rotação, consórcio ou sucessão. Essa modalidade é adotada por 9% dos produtores rurais. O componente agrícola restringe-se ou não à fase de implantação das árvores.
O artigo “Produção Sustentável: os benefícios da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)” é destaque na edição 06 da Revista do PecSite, e pode ser lido na íntegra a partir da página 44. Acesse e faça o download gratuito.