Produtores locais paralisaram comércio do produto em reação ao governo.
O presidente argentino Alberto Fernández anunciou a suspensão das exportações de carne do país por 30 dias, para conter a forte alta do produto no mercado doméstico — que acumula inflação de 65% no último ano. Em entrevista para a Rádio 10, de Buenos Aires, Fernández afirmou que muitos exportadores para a China distorcem os preços no mercado doméstico ao praticar os valores internacionais em mercados locais. A Mesa de Enlace, grupo de representação dos principais sindicatos rurais da Argentina, reagiu ao anúncio de Fernández afirmando que nenhuma fazenda venderá o produto até o final de maio.
Para Jorge Dietrich, coordenador do Master em Gestão e Marketing do Agronegócio da ESPM Porto Alegre, o cenário deve ser acompanhado com atenção. “Ainda é cedo para avaliarmos as dimensões do impasse e o mercado exportador brasileiro precisa acompanhar com atenção os desdobramentos políticos e econômicos das conversas. Caso essa situação persista, evidentemente teremos impactos mais amplos no mercado como um todo. A economia argentina enfrenta dificuldades e as partes envolvidas serão pressionadas para uma resolução rápida do problema”, afirma.
Caso o impasse persista, os exportadores de carne brasileiros podem ser beneficiados, ganhando terreno no mercado internacional. “Uma mudança repentina no cenário de fornecimento para a China pode causar um efeito dominó e beneficiar os produtores brasileiros e uruguaios”, diz. Segundo ele, a importância do impasse se dá pelo peso da Argentina no mercado internacional de carne. Brasil, Argentina e Uruguai estão entre os maiores exportadores mundiais do produto.