Poucos países tem o nível de informações disponíveis no RS.
A análise dos últimos focos de febre aftosa registrados no Rio Grande do Sul, há 20 anos, vai contribuir para a definição dos parâmetros utilizados nos modelos matemáticos que determinam a velocidade e direção da disseminação do vírus em caso de reintrodução da doença. “É possível usar parâmetros descritos da literatura, mas com realidades distantes do que ocorreu no estado. Com essa retrospectiva, poderemos simular – com maior precisão – o tamanho do foco, seus impactos, e a quantidade necessária de vacinas para aplicação emergencial, não só para o RS, mas para todo o país”, explica Diego Viali dos Santos, do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa.
A afirmação ocorreu durante reunião virtual, nesta terça (19), que marcou o início oficial do trabalho da segunda fase do convênio do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do RS com a Universidade da Carolina do Norte (NCSU), o Ministério e a Secretaria da Agricultura. O professor Gustavo Machado, da NCSU, apresentou as temáticas que serão abordadas nesta etapa: a automatização da análise de movimentação animal, o desenvolvimento de modelos matemáticos de espalhamento de doenças exóticas, a implementação de planos de biossegurança nas propriedades com maior número de conexões e o apoio ao Programa Sentinela sobre trânsito de animais e abigeato na fronteira.
Na parte de automatização, os técnicos da Secretaria da Agricultura receberão treinamento para utilizar o “RabApp” (Rapid Access Biosecurity), um aplicativo que permitirá a qualquer servidor realizar a análise de movimentação, democratizando o acesso às informações geradas pelos modelos matemáticos. “Esse aplicativo foi desenvolvido para uso nos Estados Unidos, mas será criada uma versão para o Rio Grande do Sul, trazendo agilidade no uso das informações e permitindo a análise da movimentação retroativa em propriedades suspeitas, para todas as espécies de animais”, afirma Gustavo Machado.
Para o presidente do Fundesa-RS, Rogério Kerber, o convênio com a universidade norte-americana já na primeira etapa mostrou a importância na geração de informação estratégica para a defesa sanitária animal. “O Rio Grande do Sul tornou-se modelo para outros estados brasileiros que vêm buscando a mesma parceria para garantir ferramentas mais modernas e ágeis na análise de risco”, afirma. Gustavo Machado confirma que “poucos países têm o nível de informação sobre movimentação animal de que o RS dispõe hoje”. Com base no sucesso do trabalho que vem sendo realizado no Rio Grande do Sul, o Ministério da Agricultura também firmou acordo com a universidade, para levar a outros estados o que já está dando certo no estado gaúcho.